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Leituras Libertárias #10: A Revolução Russa de Maurício Tragtenberg

Olá a todos e a todas ouvintes do Antinomia, sejam mais uma vez bem vindos e bem vindas ao Leituras Libertárias, projeto que busca compartilhar um pouco com vocês as nossas leituras sobre a história, teorias e práticas do anarquismo. Hoje vamos fazer a leitura de um trecho do livro “A Revolução Russa” de Maurício Tragtenberg, importante intelectual libertário brasileiro. Boa leitura!

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Texto de Daniel Guérin sobre o anarquismo na Revolução russa

Muitas foram as pessoas que escreveram sobre a Revolução Russa, seus processo e contradições. Se a narrativa clássica coloca a dualidade Comunistas vs. Burgueses como a chave analítica do processo revolucionário, sendo estas os dois únicos caminhos possíveis para a sociedade, é natural de imaginar que qualquer crítica radical do regime será compreendida como pequeno burguesa. Este rótulo foi amplamente adotado pelos marxistas de distintas correntes para acusar os anarquistas de contrarrevolucionários e pequeno burgueses em plena Revolução.

Para contrapor e complexificar esta análise, transcrevemos o capítulo O Anarquismo na Revolução Russa, de Daniel Guérin, em que o autor mobiliza o contexto histórico e os diversos grupos que atuaram ao longo da revolução para dar um panorama da atuação anarquista na Rússia revolucionaria.

O texto de Guérin, publicado em português no livro Anarquismo: Da doutrina à ação, pela editora Germinal no ano de 1968, está disponível em:

O ANARQUISMO NA REVOLUÇÃO RUSSA, por Daniel Guérin

 

Anarquistas na Revolução Russa

Na próxima semana, o historiador Frank Mintz estará em São Paulo para debater a Revolução Russa. No ano de seu centenário, cabe a nós relembrarmos a importância do processo revolucionário e a contribuição dos anarquistas na transformação social radical baseada nos sovietes e nas coletivizações.

Sindicalista da CNT-Solidarité Ouvriere (França), Mintz é um dos principais pesquisadores da história do anarquismo. No Brasil, destaca-se seu livro “Autogestão e Anarcossindicalismo”, sobre a Revolução Espanhola, editado em 2016, e “O Anarquismo Social”, de 2006, ambos publicados pela Editora Imaginário.

Abaixo segue o calendário das atividades com Frank Mintz:

31/08, às 18h: “Anarquistas na Revolução Russa”.

Onde: Departamento de História da USP, Sala de vídeo – Avenida Lineu Prestes, 327, Butantã, São Paulo/SP

Link: https://www.facebook.com/events/1437786076307216

02/09, às 16h: “A Revolução Russa”.

Onde: Centro de Cultura Social (CCS) – Rua General Jardim, 253 – Sala 22, São Paulo/SP

Link: https://www.facebook.com/events/1096123500520927

03/09, às 18h: “A atuação anarquista na Revolução Russa”.

Onde: Biblioteca Carlo Aldegheri – Rua Luiz Laurindo Santana, Número 40, 1º Andar, Sala 1, Ferry Boat, Guarujá/SP

Link: https://www.facebook.com/events/535980620080249/

Chegada de Kropotkin a Rússia

A presença de Kropotkin na Rússia revolucionária mobilizou o interesse dos mais distintos militantes e correntes políticas. Se até mesmo Lênin fez questão de conhecer o célebre geógrafo anarquista, os militantes anarquistas russos e ucranianos também se prontificaram a conhecer o sábio revolucionário.

É Archinov quem aponta em seu livro História do movimento makhnovista (a insurreição dos camponeses da Ucrânia) a compreensão que Kropotkin tinha daqueles que estavam combatendo em prol do anarquismo dentro da Revolução Russa. Archinov afirma:

“Com grande espanto nosso, a maior parte dos anarquistas russos contemporâneos, pretendendo ter um papel preponderante no domínio da ideia anarquista não souberam distinguir os aspectos notáveis da personalidade de Makhno. Muitos deles viam-no julgavam-no através das lentes bolchevistas, fundando-se nos dados oficiais ou prendendo-se com pormenores. Piotr Kropotkin formava uma exceção brilhante nesta maneira de ver. “Dizei da minha parte ao camarada Makhno que tome cautela consigo próprio, porque há poucos homens como ele na Rússia.”1 Estas palavras foram ditas por Kropotkin no mês de Junho de 1919, isto é, num momento em que na Rússia Central não se sabia a respeito de Makhno senão o que constava das deturpadas informações oficiais. A uma grande distância e baseando-se só em fatos isolados, a vista inspirada e perspicaz de Kropotkin tinha descoberto em Makhno uma personagem de uma ação histórica de grande envergadura.”

Se por um lado Archinov relata a importância que Makhno tinha para a Revolução Russa, por outro, é o próprio Makhno que narra em seu livro A revolução russa na Ucrânia (março 1917 – abril 1918) como ocorreu a chegada de Kropotkin na Rússia. O texto de Makhno se encontra disponível em :

Chegada de P A. Kropotkin a Rússia — Encontro com os anarquistas de Ekaterinoslav, por Nestor Makhno

Nota:

1Necessariamente estas palavras de Kropotkin eram um conselho ao camarada Makhno para se resguardar não só fisicamente, mas também moral e revolucionariamente.

Kropotkin e a Revolução Russa

Pavel Milyukov e Piotr Kropotkin

Kropotkin e a Revolução Russa, por Mauricio Tragtenberg¹

Após longo exílio no exterior, Kropotkin regressou à Rússia sendo que os primeiros anos da revolução coincidiram com os seus últimos anos de vida. Participou de inúmeros projetos cooperativistas não-estatais e anteviu e criticou a hegemonia que futuramente teriam no Partido Comunista as tendências inquisitórias. Porém, rejeitava liminarmente que tais temas fossem motivos de campanhas anti-soviéticas.

Entre 8 e 10 de maio de 1919, Kropotkin teve uma entrevista com Lênin na casa de Vladimir Bonch-Bruyevich, destacado militante do Partido Comunista russo. O interesse dessa entrevista está no contraste entre as opiniões dos dois interlocutores. Nesse momento, Kropotkin parece acreditar que o regime soviético é verdadeiramente socialista e revolucionário e pode levar a uma série de conquistas populares, apesar dos desvios e corrupções que ele então denuncia a Lênin.

I. Encontro com Lênin, por Vladimir Bonch-Bruyevich.

II. Carta a Lênin – 4 de março de 1920.

III. Carta a Lênin – 21 de dezembro de 1920.

IV. Carta a Georg Brandes.

V. Carta aos trabalhadores da Europa Ocidental – 10 de junho de 1920.

[1] TRAGTENBERG, Maurício. Kropotkin: textos escolhidos. Porto Alegre: L&PM editores, 1987.