Tag Archives: Anarquismo

Leituras Libertárias #39: Marxismo e Anarquismo: aproximação, síntese ou separação?, de Éric Vilain

Nos últimos dias, vimos circular pelas redes sociais a antiga tese de que #anarquistas – e #autonomistas, colocando ambos nos mesmo lugar – seriam individualistas, egoístas e que o #anarquismo seria contrário à organização. Tal tese, sabemos, remonta às críticas que #Lênin fazia à militantes anarquistas. Tendo em vista o resgate da crítica #leninista ao anarquismo, trazemos a leitura do texto “Marxismo e Anarquismo: aproximação, síntese ou separação?” do militante da #FederaçãoAnarquista Francófona, #ÉricVilain, onde contextualiza historicamente o #marxismo, o #leninismo e suas perspectivas. Boa Leitura!

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Antinomia #61: Teoria queer e anarquismo

Logo após o Dia do Orgulho LGBTQIA+, o Antinomia contou nesse episódio com a participação de Bruno e Vinicius, anarquistas que tensionam a relação entre teoria queer e anarquismo. Conversamos sobre a batalha de Stonewall, o anarquismo queer e sua relação com as demais lutas sociais.

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INDICAÇÕES PARA SABER MAIS

“Não vão nos matar agora”, Jota Mombaca

Texto “Queer, esse é o Anarquismo, Anarquismo, esse é o Queer”

Aula “Movimentos queer: ação antipolítica e crítica da unidimensionalidade”, com Vinícius da Silva.

 

Antinomia #49: A volta dos manicômios?

A notícia de que o Ministério da Saúde pretende revogar uma série de portarias que estruturam a política de saúde mental no país pegou trabalhadores da saúde e militantes de surpresa. Se por um lado vemos as barbaridades governamentais e temos a percepção de que o governo segue extrapolando os limites e expondo permanentemente sua faceta mais conservadora, reacionária e violenta, por outro surge a pergunta, se as propostas apresentadas pelo governo significam o retorno dos manicômios no país? Neste episódio recebemos Wander Wilson para refletir sobre os rumos da saúde mental no Brasil e os horizontes apontados por anarquistas. Vem com a gente!

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O que é o anarquismo? | Anarquismos #01

A Biblioteca Terra Livre e o canal do Ilha da Ignorância, começaram uma parceria onde buscaremos discutir os fundamentos do anarquismo. A ideia é apresentar a história e as ideias-força do anarquismo. Esperamos que gostem!!!

“As palavras “anarquismo”, “anarquista” e “anarquia” ganharam certo destaque nos últimos anos pela internet. Algumas pessoas utilizam como sinônimo de desordem e outras defendem a utilização do termo para nomear defensores do livre mercado – os chamados “anarcocapitalistas”. Qual definição está certa? É isso que veremos neste vídeo!”

Para assistir, clique aqui.

REFERÊNCIAS:

GRAEBER, David. Você é Anarquista? A resposta pode surpreender você!

MÁRMOL, Fernando Tarrida del. Anarquía sin adjetivos. 1890.

WOODCOCK, George. História das ideias e movimentos anarquistas – vol 1. A ideia. L&PM, 2002.

Fernando Tarrida, anarquista sem mais adjetivos

No já longínquo ano de 2013 a Biblioteca Terra Livre iniciou a publicação de panfletos introdutórios sobre o anarquismo a fim de facilitar a divulgação das ideias anarquistas. Simultaneamente demos início a uma série de leituras de formação interna no coletivo. Entre os materiais lidos alguns se tornaram panfletos e foram distribuídos (impressos e online), outros, contudo, por algum descuido ou desatenção, permaneceram restritos e não chegaram a circular fora do grupo da Biblioteca.

Buscando seguir com o trabalho de difusão das ideias e práticas anarquistas, disponibilizamos a carta de Fernando Tarrida del Mármol, que a despeito dos 130 anos de sua escrita, segue como um importante documento para reflexão da prática anarquista.

Anarquia sem adjetivos, de Fernando Tarrida de Mármol

Quem foi Fernando Tarrida: o anarquista sem adjetivos?

Fernando Tarrida del Mármol (1861-1915)nasceu em Cuba, filho de ricos emigrantes de Sigtes, estudou em Barcelona e em Toulouse. A obra organizada por Miguel Íñiguez, Esboço de uma Enciclopédia do Anarquismo Espanhol, explica que ele foi um republicano federalista na sua juventude, mas logo se converteu ao anarquismo ao conhecer Anselmo Lorenzo, do qual foi amigo íntimo, e ao ler Proudhon, Bakunin e Kropotkin, ainda muito jovem. Terminou o curso de engenharia em Madri, pago por ele mesmo a partir de aulas particulares, já que sua família não via com bons olhos sua filiação às ideias ácratas. Retornou posteriormente a Barcelona e iniciou uma intensa atividade militante participando de reuniões, sendo redator da publicação Acracia e realizando diversas conferências. Dirigia a Academia Politécnica de Barcelona, quando foi preso em julho de 1896 depois dos acontecimentos de Cambios Nuevos, que iniciou o momento mais crítico de repressão contra o movimento anarquista, sendo liberado após um mês. Fugiu da Espanha e começou a militar em Paris com Charles Malato, bem como atuou na Bélgica e em Londres.

Tarrida é conhecido, principalmente, por sua teoria do anarquismo sem adjetivos, aceita amplamente no movimento; em 1890, no periódico anarquista francês La Révolte, que era dirigido por Jean Grave, houve uma polêmica, na qual uns eram a favor do mutualismo e outros do coletivismo; Tarrida enviou uma carta ao La Révolte, expondo como o movimento espanhol interpretava o desenvolvimento de uma sociedade que chega ao anarquismo: “pois não somos ninguém para designar o que outros vão fazer, eles criarão de acordo com o que lhes convir a forma de organizar suas vidas”. Esta teoria foi exposta no Segundo Concurso Socialista, celebrado em Reus, em 1889, em vários artigos do Le Révolte e em diversos folhetos; foi um exemplo de superação eficaz dos confrontos na difusão do ideal anarquista evitando todo dogma político, econômico ou religioso.

Fernando Tarrida foi descrito como um homem simples e inteligente; de ideias relacionadas às de Kropotkin, introduziu na Espanha o conceito de “apoio mútuo” antes que fosse traduzida a obra de mesmo título e teve a aspiração de dar fundamento racional e científico às questões sociais. A confiança de Tarrida na ciência para resolver os problemas sociais se mostra na seguinte reflexão apresentada em La Revista Blanca em 1904 (publicação em que ele, depois de seu exílio em Londres, teria uma seção fixa sobre questões científicas): “Qualquer matemático riria daquele que pretender dar valores a uma função algébrica (…). E sem embargo isso é o que faz todo legislador ou inventor de dogmas políticos, econômicos ou sociais. Ditar uma lei para a coletividade ou função, com objetivo de que os indivíduos de dita coletividade, isto é, as variáveis, ajam de tal modo que é, não somente um ato tirânico, senão também uma heresia matemática. Igualmente como querer eliminar um mal social, função de uma porção de variáveis, sem dar a elas os valores que reduziriam a zero sua função: por exemplo, querer eliminar por meio de leis, o roubo, a usura ou o assassinato, funções inseparáveis de uma porção de circunstâncias variáveis que ninguém ignora, sem modificar estas circunstâncias”.

Esta breve biografia foi traduzida e adaptada a partir do texto de Jose María Fernández Paniagua, publicado no periódico anarquista Tierra y libertad n. 280 (Outubro de 2011). A tradução foi de Giulianna Miguel e a revisão e adaptação de a.s.