Ação Coletiva. Nº3

 

A terceira edição do jornal Ação Coletiva (download da versão online) – publicação feita em parceria pelos coletivos Ativismo ABC, Biblioteca Carlo Aldegheri, Biblioteca Terra Livre e Centro de Cultura Social- discute os temas da precarização do trabalho imposta pela economia neoliberal, os cem anos da Greve de 1917 (e o apagamento da participação anarquista deste e outros processos históricos), a necessidade de incluir a interseccionalidade em nossas práticas cotidianas e finaliza com uma reflexão libertária a respeito do
voto crítico.

Todos os textos se articulam em torno da recusa ao Estado e ao capital e da necessidade de fortalecer nossas redes de apoio mútuo para continuar resistindo. Neste contexto é importante frisar a importância da preservação de memória da luta dos trabalhadores neste momento em que o capitalismo ultraliberal se reconfigura em novas formas de exploração. Ao apresentar-se como uma inovação, a chamada economia compartilhada permanece controlada por grandes empresas, com o lucro expropriado dos trabalhadores permanecendo concentrado nas mãos de poucos.

De modo semelhante, é preciso estar atento para a polarização da política institucional que tenta novamente nos empurrar para a cilada do voto útil, como se a política se restringisse ao Estado. De deu um lado a direita tende a rotular de comunista/petralha quem que se opõe aos processos de liberalização econômica, se levanta contra o preconceito, a intolerância e os micro-fascismos cotidianos. Do outro, a esquerda partidarizada tenta, de forma chantagista, responsabilizar os anarquistas e pessoas que se recusam a participar da política institucional pelas mazelas decorrentes das alianças que esta própria esquerda fez em
nome de seu projeto de poder.

É preciso, pois, estar atento para o fato de que os avanços sociais obtidos por governos que se dizem representantes dos trabalhadores só ocorreram por conta das alianças com o grande capital. Votar no menos pior sempre será votar em quem tem o apoio dos grandes empresários para financiar suas campanhas. O preço desse investimento dos empresários é pago com as reformas que tendem a assegurar o lucro dos ricos, tornando ainda mais precária as condições de vida da população.

O que nos difere da esquerda tradicional que tem o Estado como objetivo é não se deixar iludir por uma promessa de transformação imposta por governos necessariamente atrelados aos interesses do grande capital. Cabe a nós fortalecer as redes de solidariedade tendo em mente que a transformação social acontece de dentro para fora – dentro de nossa casa, nosso bairro, nossa cidade. A construção de uma vida libertária começa em nós mesmos e em nossos pequenos círculos para se expandir de forma orgânica para espaços mais amplos. Que todos nós estejamos atentos para essas questões e tenhamos forças para permanecer na luta.