Horacio Ricardo Silva (1959-2023)

No último dia 04 de janeiro, faleceu Horacio Ricardo Silva, jornalista e historiador argentino que se debruçou sobre as lutas sociais e a história do anarquismo na Argentina.

Como lembrança e homenagem, traduzimos um relato escrito por Juan Pujalte, da editora Libros de Anarres:

UM ESCRITO EM MEMÓRIA DE HORACIO RICARDO SILVA

No dia 04 de janeiro de 1919, houve o recrudescimento entre os grevistas de Vasena e a polícia, acompanhada dos furas-greves e provocadores contratados pela empresa. Esse seria o prolegômeno  dos acontecimentos que ficaram na história com o nome de “Semana Trágica”: a insurreição mais sangrenta e prolongada na história da classe trabalhadora argentina.

Na última quarta-feira, dia 4 de janeiro de 2023, faleceu pela manhã nosso querido companheiro Horacio Silva, autor de – entre outros valiosos livros – “Días rojos, verano negro. Enero de 1919, la Semana Trágica de Buenos Aires”.

Nas palavras de seu mestre, Osvaldo Bayer: “Essa profunda pesquisa de Horacio Silva eu a chamaria de definitiva. Definitiva porque recorre a todas as fontes possíveis, traz as versões de todos os setores, descreve profundamente a época e seus costumes, a vida política e os interesses presentes. Descreve as distintas reações dos diferentes setores sociais, os problemas internos das organizações operárias e, ademais, analisa as pesquisas já existentes sobre esse fato histórico. Documento por documento, interpretação por interpretação. Recorre – de acordo com o que aprendi na minha experiência – a toda documentação histórica existente.”

Eu conheci Horacio no ambiente das assembleias de bairro e das cozinhas comunitárias, graças à companheira Susana, que participava com Horacio da Universidad de las Madres. Nesse ambiente, relembrando a Semana Trágica, contou sobre seu grande projeto de pesquisa que concluiria anos mais tarde e seria impresso em 2011. Desde quando nos conhecemos, nossa amizade foi selada, renovada anos após anos em intermináveis conversas animadas com o vinho peleón branco que amava tanto. (Nota do tradutor: peleón é um adjetivo para vinhos mais baratos e, em geral, de baixa qualidade).

Sua última colaboração com a editora foi o extenso e lindíssimo prólogo à edição de “Evolución, Revolución y el ideal anárquico”, que intitulou como “Una historia de amor, de locura y de muerte”, uma carinhosa referência ao seu admirado Horacio Quiroga. No prólogo, relata a trágica história de Severino y América e a enlaça soberbamente com a malograda edição da obra de Reclus, promovida por Di Giovanni em 1930.

Como amoroso lembrete (ele não gostaria que usasse a palavra homenagem), nada melhor que um convite para ler sua pesquisa definitiva, nesses calorosos dias de janeiro que nos fazem retroagir àquelas tórridas jornadas da semana sangrenta de 1919.

Aqui o link para o download na íntegra do livro:

Relato da XII Feira Anarquista de São Paulo

No último domingo, dia 13 de novembro, ocorreu a XII Feira Anarquista de São Paulo na Escola Municipal Amorim Lima. O evento começou às 10 horas e se encerrou às 19h, marcando seu retorno presencial após três anos devido à pandemia.

O evento contou com debates, lançamentos de livros, exibições de filmes, apresentações teatrais e práticas do corpo. Além disso, o LEA (Laboratório de Educação Anarquista) promoveu o Espaço Adelino de Pinho. Em conjunto com crianças e pessoas adultas, o grupo organizou atividades voltadas ao público infantil ao longo de todo o dia.

A XII Feira também contou com a exposição de mais de quarenta grupos. Além de anarquistas de várias partes do Brasil, tivemos a presença de camaradas da Alter Ediciones (Montevidéu, Uruguai), Editorial Eleuterio (Santiago, Chile) e Barricada de Livros (Lisboa, Portugal). Os materiais eram diversos: livros, revistas, jornais, fanzines, camisetas, além de alimentos agroecológicos produzidos por autogestão.

Durante toda a Feira, cerca de 3 mil pessoas circularam pelo espaço. No momento de máxima visitação, pela tarde, havia mais de mil pessoas. Isso representa a edição da Feira com seu maior público!

Agradecemos a todo mundo pela participação. Acreditamos que a nossa décima segunda edição representa um marco na retomada das atividades anarquistas. Em tempos de pandemia e ascensão do fascismo, a XII Feira Anarquista mostra a importância do anarquismo, dentro de sua pluralidade, para a resistência e a transformação de uma nova sociedade, por meio de práticas solidárias e autônomas baseadas no apoio mútuo, na ação direta e no federalismo.

Texto assinado por Biblioteca Terra Livre, Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri e Centro de Cultura Social, grupos responsáveis pela organização da XII Feira Anarquista de São Paulo.

Veja abaixo o Circo Fubanguinho, da Trupe da Lona Preta, uma das apresentações artísticas da XII Feira Anarquista de São Paulo:

 

 

Programação XII Feira Anarquista de São Paulo

No próximo domingo, dia 13 de novembro, ocorre a XII Feira Anarquista de São Paulo.

Data: 13 de novembro de 2022, das 10h às 19h

Local: EMEF. Des. Amorim Lima | R. Prof. Vicente Peixoto, 50 – Butantã, São Paulo

Não deixe de conferir a programação!

Atividades

10h: Abertura
10h15 – 11h: Coral (Cidadãos cantantes)
11h – 12h: Oficina Yoga (Yoga para todes) (interessades, favor trazer um tapetinho)
11h – 12h30: Luta antimanicomial (Cris Lopes; Gigi)
11h – 12h30: Ecologia Social e Autonomia Alimentar (Ákrata; Coletivo Morro das Panelas; Escola Comunitária)
12h – 15h: Campeonato Futebol Libertário (Rosa Negra ADF + outros times)
12h30 – 14h: Luta Anticarcerária (Frente Estadual pelo Desencarceramento de SP; Amparar)
13h – 14h30: Oficina Bombas de Sementes (Projeto Ramificando)
14h – 15h30: Ação Direta, Solidariedade e Poder Popular (Frente Anarquista da Periferia; OASL; MPL)
14h – 15h30: Luta Estudantil – Acesso e Permanência na Universidade (Cursinho Livre da Norte; REM; CAT)
15h – 16h30: Oficina de Autodefesa (Resistência Muay Thai)
15h30 – 17h: Retomada Indígena, Apoio Mútuo e Política Além do Voto (Teia dos Povos; Cuapi; Outra Campanha)
17h – 18h30: Lutas Feministas contemporâneas: Brasil e Rojava (CAFI; Rojda Dandara)
18h: Teatro: Circo Fubanguinho (Trupe da Lona Preta)
18h45: Ensaio (Bloco Fluvial Peixe Seco)

Filmes

12h30 – 13h30: Nossos Passos Seguirão os Seus (13 min) seguido de debate com Alexandre Samis (IEL).
13h30 – 14h30: Acervo Punk. Parcerias CCS, PUC (CEDIC), UNICAMP (AEL), CIEC (Unicamp), Punk Scholars Network, Acervo Formiga (Plataforma Publica Cineclubistas).
16h – 17h15: Kropotkin, uma visão feminina (43 min.) seguido de debate com Cibele Troiano (CCS)
17h15 – 18h45: Filmes do coletivo NADA

Lançamentos de livros

12h: Entremares – Cria do Governo
12h30: Centro de Cultura Social – Revista Magón
13h: Autonomia Literária – Bandeira Negra: rediscutindo o anarquismo
13h30: Eleuterio – Ecologia Indómita: voces contra el terracidio
14h: Barricada de Livros – Interstícios Insurrectos: antologia de Tomas Ibañez
14h30: Intermezzo – Negras Tormentas: Federalismo e o Internacionalismo na Comuna de Paris
15h: Antar – Antiespecistas: o manual do veganismo popular e revolucionário
15h30: Cultive Resistência – Ferramentas para autonomia
16h: NELCA – Memórias do Exílio
16h30: Faísca – Companheiras: Mulheres Anarquistas em São Paulo (1889-1930)
17h: Merda na Mão – Relatos de um Rapero Ateu de Quebrada
17h30: Coletivo Igrá Kniga – Capitalismo Carcerário

Espaço Adelino

10h – Abertura do Espaço Adelino de Pinho e recepção das crianças e seus adultos (LEA)
10h30 – Apresentação do LEA e convite para participação no Espaço Adelino de Pinho
11h – Oficina: Criatividade Libertária em papel e tecido (LEA)
12h – Atividade: Trilha do Tesouro da Feira Anarquista (LEA)
15h – Filme: Curtas pra crianças (LEA)
15h – Roda de Conversa: Criação Libertária de Crianças contra a Sociedade Autoritária com lançamento do livro Paternagem Punk: Ensaios sobre Criação em Três Acordes (Estopim, Revelia Livros, Análoga Edições)
16h – Lançamento de livro: Um Outro ABC da Anarquia (LEA / Biblioteca Terra Livre)
17h – Contação de História: As pegadas da Comandanta Ramona (As Anônimas)
18h30 – Limpeza e organização do Espaço Adelino de Pinho (LEA)
19h – Encerramento

Programação do III Congresso Internacional de Pesquisa sobre o Anarquismo!

O III Congresso Internacional de Pesquisa sobre o Anarquismo já tem sua programação definida!

Veja aqui todas as apresentações, as mesas e seus horários. Para saber mais onde e como chegar no Congresso, clique aqui.

Terceiro Comunicado explica em detalhes as orientações de transporte (metrô e ônibus), de apresentação de trabalho, além da programação.

Anote a agenda e participe! Haverá emissão de certificados para os ouvintes.

Antinomia #75: Texto da Jacobin, Chile e Argentina

Com a presença de Marcelo Aguilar, retomamos o assunto sobre a Constituinte do episódio 72. Agora que o texto constitucional foi derrotado, qual futuro que se visualiza para o Chile? Como explicar a derrota e o que a derrota nos explica? Tratamos da situação na nação vizinha, estremecida com o atentado à Cristina Kirchner. Como entender a crescente violência política na América Latina? Por fim, demos o nosso pitaco no texto publicado pela Jacobin. O que pensar de um texto atropelado, confuso e desonesto assinado apenas por “anarquistas mascarados”? E o que pensar da revista que assume a responsabilidade por publicar algo tão obscuro?

E VIVA À IDA DA ELIZABETH!!!!! PENA QUE NÃO FOI POR GUILHOTINA

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