Fichamento do texto “Instrução Integral” de Bakunin.

FICHAMENTO:

 

    • Ponto inicial: “Pode ser completa a emancipação das massas operárias, quando a educação que estas massas recebem é inferior à que se dá aos burgueses, ou quando há em geral uma classe qualquer, numerosa ou não, que, pela origem está destinada aos privilégios de uma educação superior e de um ensino mais completo?
    • Educação como poder: “O que sabe mais naturalmente dominará o que sabe menos, e se antes de tudo, só existisse entre duas classes esta única diferença de ensino e de educação, esta diferença originaria em pouco tempo todas as outras…”

 

  • Os socialistas burgueses: pedem um pouco mais de ensino para o povo – questão quantitativa; Mantém as classes sociais; mantém a divisão entre trabalho intelectual e manual; diminuir a desigualdade e injustiça;

 

    • Bakunin se intitula democrata socialista e este pede a instrução integral, o ensino total; buscam a abolição das classes – buscam a igualdade econômica e social; e destruir a desigualdade e injustiça;
    • Não existe entendimento, conciliação e coalizão entre socialistas burgueses e democratas socialistas.
    • argumento dos socialistas burgueses que justifica a separação entre trabalho intelectual e manual: “É necessário, pois, que, enquanto uns estudem, outros trabalhem, a fim de produzir os objetos necessários para a vida”. E os benefícios daqueles que estudam seria socializado para todas as pessoas, portanto, a separação seria um benefício.

 

  • contra argumento dos democratas socialistas que justifica a não separação do trabalho manual e intelectual: o que se observa é que toda riqueza social está concentrada numa minoria, “de tal maneira que o aumento dessa riqueza é diretamente proporcional à crescente miséria das massas operárias”. Para Bakunin, quanto mais a ciência se desenvolve, maior é a escravidão intelectual das classes populares.

 

    • A ciência é repartida – critério quantitativo – mais ou menos de acordo com a riqueza de cada um, mesmo entre a burguesia. Por isso, uma pessoa pode ser inteligente – capacidade que lhe é natural -, mas não ser educada. E aqui Bakunin faz uma matização da burguesia, entre alta e média, aquelas privilegiadas, e a pequena, que, apesar de viver em melhores condições do que os operários, também é oprimida pelas anteriores.
    • A ciência beneficia as classes privilegiadas, mas essa ciência “é o que constitui principalmente o poder dos Estados hoje” e que para Bakunin é a Ciência Política, Economia Política, Ciência Militar (indústria bélica), Ciência da Comunicação e a Ciência dos Transportes. – Quanto maior é o desenvolvimento da ciência, menor é o bem-estar e a liberdade das classes populares.
    • Ref. Lasalle, socialista alemão. Não analisar o progresso de uma determinada classe com a história de sua condição no passado, mas a partir da proporção entre as classes dominantes e dominadas, do presente e do passado. “Se houve igualdade nestes dois respectivos progressos, a distância intelectual que a separa hoje do mundo privilegiado será a mesma; se o proletariado progride mais e mais depressa do que os privilegiados, esta distância será necessariamente menor; mas se pelo contrário o progresso do operário for mais lento e por conseguinte menor que do homem das classes dominantes no mesmo espaço de tempo, esta distância será maior.”
    • A burguesia se desenvolve mais depressa não porque sua inteligência é maior, mas porque a Ciência Política, Economia Política, a Ciência Militar, a Ciência da Comunicação e a Ciência dos Transporte à favorece. Mas não apenas, essas ciências são as causas da relativa ignorância das classes populares, pois estas mesmas ciências as escravizam. Na medida em que destruirmos a ordem social estabelecida que favorece a burguesia, essas ciências passam a servir os interesses das classes populares – Com esse argumento podemos discutir a questão do maior acesso à Universidade para as classes populares.
    • “… estamos convencidos de que, no homem vivo e completo, cada uma dessas atividades, muscular e nervosa, deve ser desenvolvida por igual, e que, longe de se prejudicarem mutuamente, cada uma deve apoiar, ampliar e reforçar a força do outro.”
    • não haja nem operários nem sábios, mas seres humanos.
    • os cientistas, fazendo parte das classes dominantes, desenvolvem sua ciência em benefício da manutenção de sua classe. No entanto, caso fossem solidários, não apenas em palavras, “mas com os fatos, pelo trabalho, dirigirão também necessariamente as descobertas e as aplicações da ciência à utilidade de todos, para aliviar e enobrecer antes de tudo o trabalho, a única base legítima e real da sociedade humana”.
    • fase de transição: “Haverá, sem dúvida, menos sábios ilustres, mas ao mesmo tempo menos ignorantes”.
    • humanizar ao mesmo tempo os sábios e os trabalhadores braçais, reconciliando a ciência e a vida.
    • argumento dos socialistas burgueses: as crianças são naturalmente diferentes e, portanto, o desenvolvimento de um será inevitavelmente diferente do outro, que é inapto. – partem do ponto de vista natural do indivíduo.
    • contra argumento de Bakunin: “… desde o momento em que houver herança, a carreira das crianças não será nunca o resultado de suas capacidades e de sua energia individual; será antes de mais nada o do estado de fortuna, da riqueza e da miséria de suas famílias”. – parte do ponto de vista sócio-histórico da classes.
    • a liberdade individual só poderá existir plenamente na igualdade do ponto de partida.
    • a solidariedade é o que liga a liberdade individual à igualdade econômica.
    • “É necessário o desaparecimento da propriedade individual e do direito de herança, é necessário o triunfo econômico, político e social da igualdade.”
    • Uma vez eliminada a desigualdade econômica, os seres humanos serão iguais? Não, pois os seres humanos são diversos por natureza, sendo que justamente por conta dessa diversidade que os seres humanos se completam pela solidariedade, reforçando os laços igualitários entre si.
    • Duas categorias de homens na sociedade em que vivia Bakunin (mas podemos dizer que até hoje), os de talento e os idiotas.
    • por conta do desenvolvimento desigual de indivíduo para indivíduo, é impossível ter uma educação e um ensino absolutamente igual para todas as pessoas.
    • Bakunin divide a educação em duas partes, uma geral e outra específica. A primeira, a criança deve estabelecer contato com todas as ciências, sem influências religiosas e metafísicas, e escolherá aquela específica que mais gosta e que convenha com suas disposições. Caso a criança ou adolescente, escolher errado – por escolha própria ou qualquer força externa, seja dos pais, dos professores ou qualquer outra autoridade – poderá regressar e escolher aquilo que mais lhe aprouver, guiado por seu conhecimento acumulado do ensino geral. Só a experiência pode lhe dizer se essa escolha foi a correta ou não.
    • ensino integral: o ensino científico ou teórico, deve caminhar ao lado do ensino industrial ou prático e também é dividido em duas partes: mais geral idéia geral e o primeiro conhecimento prático de todas as indústrias e o mais específico, dividida em grupos de indústrias vinculadas entre si mais especificamente.
    • ao lado desses dois ensinos, o ensino prático: “uma série de experiências de moral, não divinas, mas humanas”, fundamentada em dois princípios, os desprezo à autoridade e o respeito à liberdade e à humanidade. O trabalho é visto por essa moral humana como condição da felicidade, atribuindo direitos somente para aqueles que trabalham – o trabalho como processo de humanização.
    • Liberdade para Bakunin, positiva e negativa: “… do ponto de vista positivo, o pleno desenvolvimento de todas as faculdades que se encontram no homem e, do ponto de vista negativo, a completa independência da vontade de cada um frente à dos outros”.
    • depender é se solidarizar e, portanto, tornar-se mais livre. Esta é uma lei social, segundo Bakunin.
    • “A soma das influências sociais dominantes, expressa pela consciência solidária ou geral de um grupo humano mais ou menos amplo, se chama opinião pública. E quem não conhece a poderosa ação da opinião pública sobre os homens? A ação das mais draconianas leis restritivas é nula comparada com ela. Ela é, pois, por excelência, a educadora dos homens; de onde se deduz que para moralizar os homens é necessário moralizar primeiro a sociedade, humanizar a sua opinião e sua consciência pública”.
    • O socialismo rejeita a ideia de livre arbítrio, pois “a natureza, na qualidade de ação etnográfica, fisiológica e patológica, cria as disposições que são chamadas de natureza, e a organização social as desenvolve, as detém ou fabrica o seu desenvolvimento. Todos os indivíduos, sem exceção alguma, são ao longo de suas vidas, produto da natureza e da sociedade”.
    • O livre arbítrio parte da aceitação da aceitação da Providência divina que rege nossas vidas. Aceitar o livre arbítrio é negar a liberdade real. – por isso, o antiteologismo.
    • Para se moralizar o meio social deve-se “fazer triunfar nele a justiça, isto é, a mais completa liberdade de cada um, na mais perfeita igualdade de todos.
    • a desigualdade de condições e de direitos, gera a ausência de liberdade de cada um. Se suprimir a primeira, todos os privilégios sumirão. Por isso, a necessidade da Revolução Social, pois só assim, a sociedade irá se moralizar. (problematizar)

 

  • Crítica da escolha como bolha, fora de uma sociedade justa. (problematização: e se as escolas forem revolucionárias? Elas seriam doutrinadoras?)

 

  • “o problema mais importante é o da emancipação econômica, que engendra necessariamente, e ao mesmo tempo, a emancipação política e imediatamente após a emancipação moral e intelectual”.