INFORMAÇÕES:
Título: QUESTÃO FEMININA
Autor: EMMA GOLDMAN
Editora: BIBLIOTECA TERRA LIVRE
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 21 x 14 cm
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: Novembro de 2019
Número de páginas: 144
Preço: R$30,00
APRESENTAÇÃO:
As mãos que redigiram as palavras presentes neste livro ora agiam com leveza e cuidado junto a pena sobre a folha de papel para resgatar as histórias daquelas mulheres pioneiras na luta pela emancipação feminina, ora atacavam as teclas da máquina de escrever combatendo a desinformação, a mentira e o preconceito que assolava a sociedade estadunidense do começo do século XX. O punho fechado de Emma, a mulher mais perigosa da América, se levantou em um sem número de conferências, passeatas e protestos para inflar a classe trabalhadora e estimular a ação direta contra a violência econômica e política. Emma Goldman foi plural e generosa. Teve entre os assuntos de interesse de sua militância a questão da mulher, a educação, a organização política e a solidariedade universal.
Os temas abordados por Emma que outrora pareciam ter ficado no passado retornam com uma assombrosa atualidade neste contexto de obscurantismo e conservadorismo que envolve as estruturas políticas e religiosas da sociedade presente. Como resposta a este tempo, trazemos neste primeiro volume da Coleção Emma Goldman uma seleção de escritos da autora sobre a Questão Feminina, em que aborda temas como a emancipação da mulher, a questão do voto feminino, a luta pelo controle de natalidade e resgata biografias de mulheres anarquistas. Os textos aqui reunidos foram escritos e publicados entre 1906 e 1932, tanto em livros quanto em revistas anarquistas, em especial na Mother Earth, criada e editada por Emma Goldman entre os anos de 1906 e 1917.
Os primeiros escritos, A Tragédia da Emancipação Feminina; Tráfico de mulheres; Sufrágio Feminino e O Camaleão do Sufrágio Feminino, que apareceram inicialmente na Mother Earth, abordam temas caros sobre a emancipação da mulher e seus caminhos. Nestes Emma não teme em se vincular as tradições operárias da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), quando declara: “O direito ao voto, ou igualdade dos direitos civis, podem ser boas demandas, mas a verdadeira emancipação não começa nas eleições ou nos tribunais. Começa na alma da mulher. A história nos mostra que toda classe oprimida conquistou a verdadeira libertação de seus senhores pelos seus próprios esforços.” Ela entende que a luta pela libertação feminina deve ser obra da ação direta das mulheres. Assim, se as demandas da emancipação feminina se reduzirem ao voto, e se o voto feminino ou a eleição de mulheres para os cargos políticos for visto como um caminho para a redenção da política, tal processo estará condenado, desde o início, ao fracasso. Neste aspecto Emma é enfática e precisa: “A corrupção da política não tem nada a ver com moral, ou com frouxidão de moral das várias personalidades políticas. Seu motivo é totalmente material. A política é reflexo do mundo empresarial e industrial, cujos lemas são: ‘melhor receber do que dar’; ‘compre barato e venda caro’; ‘uma mão lava a outra.’ Não há esperança, nem mesmo a mulher, com seu direito ao voto, jamais purificará a política.”
Nos textos seguintes, Os aspectos sociais do Controle de Natalidade; Emma Goldman é presa; Emma Goldman, pronta para discursar, é presa e Carta à imprensa a autora aborda a questão do controle de natalidade. Neste aspecto ao analisar a estrutura política e reprodutiva na atual sociedade indaga como é possível defender o “direito a vida” de um feto quando a vida humana não passa de um pedaço de carne para a indústria ou para a guerra, ou nas palavras da própria Emma: “Há tempos ela está ajoelhada diante do altar do dever imposto por deus, pelo capitalismo, pelo Estado e pela moralidade. Hoje ela acorda de um longo sono. Se libertou de seu pesadelo do passado; virou sua face em direção à luz e proclamou em alto e bom tom que não será mais parte do crime de trazer infelizes crianças ao mundo unicamente para serem moídos aos pedaços pelas engrenagens do capitalismo e para serem estraçalhados nas trincheiras e campos de batalhas.”
Já nos escritos que fecham este primeiro volume da Coleção Emma Goldman, foram selecionadas duas biografias escritas por Emma de mulheres fundamentais para a história das lutas femininas no mundo, a primeira Voltairine De Cleyre, anarquista e colaboradora de Emma Goldman na revista Mother Earth e a segunda, Mary Wollstonecraft, sua trágica vida e apaixonada luta pela liberdade, primeira mulher a lutar e reivindicar igualdade social, laboral e política para as mulheres dentro da sociedade capitalista.
O presente livro é fruto de um extenso trabalho de pesquisa iniciado em 2017, com a publicação do primeiro volume do livro Minha Desilusão na Rússia, primeira obra de Emma Goldman publicada pela Biblioteca Terra Livre, que abriu as portas para a presente Coleção Emma Goldman, idealizada e organizada por Gabriela Bracaglion, tradutora e editora das obras de Emma Goldman publicadas por este selo. Este esforço editorial se junta àqueles realizados já há alguns anos por editoras libertárias como Imaginário e L-Dopa, que traduziram e publicaram textos fundamentais de Emma Goldman como O Indivíduo, a Sociedade e o Estado (1998) e Vivendo minha Vida (2015).
Resgatar a obra de Emma Goldman se torna uma tarefa urgente, não somente por sua atualidade, mas principalmente, porque ela foi capaz de apontar, com uma certeza inabalável, que o Anarquismo é o caminho para a mudança social. Assim, nos juntamos a ela para ampliar os horizontes do anarquismo, não é algo dado, mas que deve ser construído. E esta é apenas uma pequena contribuição para que possamos seguir caminhando construindo este mundo novo que se apresenta em nosso horizonte. Esperamos que as palavras escritas aqui pelas mãos de Emma impulsionem que outras tantas se fechem com os punhos erguidos para a luta e nos inspire na busca pela emancipação de nosso tempo.
Desejamos a todas as pessoas uma boa leitura.
Biblioteca Terra Livre